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Presos de Araçuaí usam matéria-prima local em artesanato

Fibras de bananeira e de taboa servem de matéria-prima e são transformadas em chapéus, vasos para flores, jogos americanos, porta-retratos e abajours, após passarem pelas mãos de 12 detentos do regime fechado do Presídio Doutor Carlos Vitoriano (PDCV), em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha.

O grupo descobriu o potencial dessas duas plantas para o artesanato depois de frequentar o Curso de Artesanato de Fibras Naturais, no período de 17 a 20 de agosto, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Araçuaí.

De acordo com o diretor-geral do presídio, Valdeci Ribeiro da Silva, o objetivo é oferecer ao preso uma qualificação que possa ajudá-lo em seu processo de ressocialização. A intenção é fazer uma exposição itinerante para expor os produtos na Prefeitura, Fórum e na Superintendência Regional de Ensino da cidade.

As cadeiras serão destinadas ao uso na própria unidade, substituindo as antigas.

“Primeiramente, os produtos serão apenas expostos ao público, como uma espécie de degustação. A partir do resultado é que pensaremos numa produção destinada à venda,” explica Valdeci. Com duração de 40 horas, o curso é ministrado pelo instrutor João Batista de Souza Porto, do Senar, em um espaço próximo à plantação de hortaliças do presídio. Ali, os detentos aprendem a fazer vários tipos de artesanato usando as folhas da taboa e da bananeira. Eles tecem as fibras utilizando técnicas de trançagem e de “tecido xadrez”. Fazem também acentos e encostos para cadeiras.

A taboa (Typha domingensis) é uma planta hidrófita (aquática) típica de brejos, manguezais, várzeas e demais espelhos d' água. Mede cerca de dois metros e, na época de reprodução, apresenta espigas na cor café contendo milhões de sementes que se espalham pelo vento. Sua fibra é durável, resistente e pode ser usada como matéria-prima para papel, cartões, pastas, envelopes, cestas, bolsas e outros itens de artesanato.

Dentro do PDCV também são desenvolvidos pelos detentos outros tipos de trabalhos, como os artesanatos em crochê que dão formas a bolsas, toalhas, bonés e chapéus ou como as tarrafas, espécie de rede para pesca. A arrecadação com a venda dos objetos é repassada às famílias dos detentos.

Além da atividade artesanal, os presos cuidam do cultivo da horta, onde plantam salsinha, cebolinha, coentro, alface, mostarda, rúcula, couve e pimentão. Esses alimentos são doados para projetos de ações sociais do Vale do Jequitinhonha, Hospital São Vicente de Paula e vendidos para os próprios servidores do presídio e supermercados da região.

A faxina do presídio também é feita com a ajuda dos detentos, que trabalham também na lavanderia da unidade. Todas as atividades exercidas pelos presos, dentro ou fora da unidade – há um grupo que trabalha na limpeza geral do Hospital São Vicente de Paula e também na sede local da Copasa - contribuem para a remissão da pena, ou seja, para cada três dias trabalhados, é contabilizado um a menos de detenção.

A parceria firmada entre a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e o Sindicato dos Produtores Rurais de Araçuaí permite que, por ano, quatro cursos profissionalizantes sejam oferecidos aos detentos que cumprem pena no Presídio Doutor Carlos Vitoriano, incluindo o de Olericultura Básica e dois de Artesanato (pinturas em tecidos). O bom comportamento serve como critério de avaliação para a participação de cada interno.
Fonte: Com informações do Site farolcomunitario

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